Reflexões sobre Competência em Informação em tempos de pandemia (05)

12/08/2020 14:28

Neste quinto texto, o autor alerta para a ansiedade na busca por informações, que por consequência acabam tornando um usuário desinformado e alienado. É um dos textos produzidos por pós-graduandos (mestrandos e doutorandos) da disciplina PCI410043 – Competência em informação, semestre 2020-1. Nesta nova postagem, trazemos a reflexão escrita por

Jônatas Edison da Silva

Arquivista, Mestrando – PGCin – UFSC

Avanços tecnológicos, tecnologia da informação, informação, ansiedade por informação, excesso de informação, desinformação, competência em informação, são alguns temas que estão cada vez mais presentes nos estudos científicos da Ciência da Informação. Ao estudar é importante entender e refletir do geral para o específico, ou seja, do contexto externo para o interno e para isso primeiramente será conceituado a denominada “Sociedade da Informação” e partir disso os demais temas. Nesse sentindo, segundo Borges (2008), a Sociedade Informação é vista pelo uso intenso e direto da informação, do conhecimentos e das novas tecnologias da informação e da comunicação no cotidiano dos ofícios das pessoas. É uma sociedade que utiliza cada vez mais os computadores para o tratamento de dados e para automação dos processos e acesso a informação. Diante desse cenário do século XXI, observa-se uma explosão de informações, já mencionada por Tefko Saracevic em 1996, e que Mattos (2009, p.39) faz uma analogia com as ervas daninhas no jardim, “Se um dia ela (informação)foi uma mercadoria muito valorizada, hoje parece mais com as ervas daninhas no seu jardim: aparecem sem querermos, e se espalham por todo o lado”. Porém, em consequência disso surge uma ansiedade de informações por parte dos usuários, que é resultado de um processo do qual usuário acredita que deveria saber constantemente de tudo, com a questão se realmente é essencial aprender, receber tudo. E o ponto principal para resolver isso, seria a compreensão, para filtragem e o entendimento de informações que realmente são essenciais para o usuário (ALVES; BEZERRA; SAMPAIO, 2015). Paralelo a isso, existe um processo de desinformação, informações distorcidas, fake news, sensacionalismos e boatos gerados principalmente por redes sociais digitais. Que de acordo com Brito e Pinheiro (2015, p. 4) a desinformação gera um incompreensão da realidade, “um estado de ignorância do indivíduo em relação ao conhecimento que lhe seria relevante”. Se por um lado existe um excesso de informações, também é observável a falta de informações verdadeiras. A perspectiva da Competência em Informação é vista por Belluzo, Santos e Junior (2014, p. 4) como um: “conjunto de competências e habilidades que uma pessoa necessita incorporar para lidar, de forma crítica e reflexiva, com os diversos recursos informacionais existentes”. Por isso que os problemas como a informação (ansiedade, desinformação, manipulação) podem ser amenizar por meio de uma série de habilidades que o usuário adquiri para saber usar a informação de forma responsável. Essas questões são objeto de estudo da Ciência da Informação, que possui como enfoque “[…] os problemas da efetiva comunicação do conhecimento e de seus registros entre os seres humanos, no contexto social, institucional ou individual do uso e das necessidades de informação […]” (SARACEVIC, 1996, p.47). E é nesse cenário de problemas com a informação que a Competência em Informação investiga, ou seja, exemplificando que, por meio das dimensões técnica, estética, política e ética tratam desses conteúdo, promovendo ideias para amenizar esse excesso de informações falsas, que geram uma ansiedade na busca por informações, que por consequência acabam tornando um usuário desinformado e alienado.

REFERÊNCIAS

ALVES, Ermerson Nathan Pereira; BEZERRA, Sarah Freire; SAMPAIO, Débora Adriano. Ansiedade de informação e normose: as síndromes da sociedade da informação. Biblionline, João Pessoa, v. 11, n. 1, p.130-139, jan. 2015. Disponível em: http://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/biblio/article/view/17168. Acesso em: 22 ago. 2018.

BELLUZZO, Regina Célia Baptista; SANTOS, Camila Araújo dos; ALMEIDA JÚNIOR, Oswaldo Francisco de. A competência em informação e sua avaliação sob a ótica da mediação da informação: reflexões e aproximações teóricas. Informação e Informação, Londrina, v. 19, n. 2, p.60-77, 2014.

BORGES, Maria Alice Guimarães. A informação e o conhecimento como insumo ao processo de desenvolvimento. Revista Ibero-americana de Ciência da Informação, [s. L.], v. 1, n. 2, p.175-196, jul. 2008. Disponível em: http://seer.bce.unb.br/index.php/RICI/article/viewArticle/815. Acesso em: 20 marc. 2020.

BRITO, Vladimir de Paula; PINHEIRO, Marta Macedo Kerr. Poder informacional e desinformação. In: XVI ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 2015, João Pessoa – Pb. Anais. João Pessoa: ENANCIB, 2015. p. 1 – 21.

MATTOS, Alessandro Nicoli de. A Informação é prata, Compreensão é ouro: Um guia para todos sobre como produzir e consumir informação na Era da Compreensão. Brasil: Alessandro Nicoli de Mattos, 2009.

SARACEVIC, Tefko. Ciência da Informação: origem, evolução e relações. Perspectivas em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p. 41-62, jan./jun. 1996. Disponível em: http://portaldeperiodicos.eci.ufmg.br/index.php/pci/article/viewFile/235/22. Acesso em: 24 mar. 2020.