Reflexões sobre Competência em Informação em tempos de pandemia (02)

23/06/2020 12:33

Hoje, publicaremos este segundo texto que traz reflexões sobre a competência em informação no cenário de sobrecarga, ansiedade, excesso e falta de informação – desinformação. Os textos foram uma provocação aos pós-graduandos (mestrandos e doutorandos) da disciplina PCI410043 – Competência em informação, semestre 2020-1. Nesta nova postagem, trazemos a reflexão escrita por

Patricia Siqueira Santos – Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (PGCin/UFSC).

patriciasiqueirass@gmail.com

 

Se no passado existiu o dilema da falta de informações, considerado problema por promover desinformação, nos dias de hoje a questão se aloca ao excesso de informações disponíveis. O curioso é pensar que mesmo neste novo contexto seguimos falando em desinformação. Estamos imersos em um contínuo emaranhado de notícias de todos os cantos do mundo e somos obrigados a codificá-las para que façam sentido em nossas vidas (De Masi, 2019). Esta função é inevitável, uma vez que nossas relações sociais e de trabalho se dão neste ambiente informacional. A informação aumenta e sua influência é cada vez maior, tornando-se a matéria prima essencial de grande parte dos profissionais (Hatschbach, 2002). Para manter-se equilibrado meio à conturbada rotina informacional se faz necessário desenvolver habilidades para transformar informação em conhecimento. A competência em informação se insere neste âmbito como promotora de aprendizagem para leitura e compreensão do mundo, da “ciência e tecnologia, suas implicações e consequências, para poder ser elemento participante nas decisões de ordem político e social que influenciarão o seu futuro e o de outras gerações” (Beluzzo, 2001). Ainda segundo Beluzzo (2001) ser competente em informação exige constante exercício de autonomia, questionamento, criatividade, iniciativa, crítica, o tão falado aprender a aprender. Ações necessárias para o trânsito na chamada Sociedade da Informação, que evolui constantemente com a conexão em rede. Em tempos de “infodemia”, buscar identificar as informações corretas torna-se questão de saúde mental e também saúde pública. O termo foi cunhado pela Organização Mundial da Saúde para fazer alusão a uma epidemia de notícias falsas, com práticas informativas que disseminam medo e crença em fatos inverídicos (El País, 2020). Competente em informação é aquele que se mantém no constante exercício de apreender o mundo com abertura para o novo e atenção para a validade dos fatos.

REFERÊNCIAS

BELLUZZO, Regina Célia Baptista. A information literacy como competência necessária à fluência científica e tecnológica na sociedade da informação: uma questão de educação. In: SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA UNESP, 7., 2001, São Paulo. Anais […]. São Paulo: Unesp, 2001. Disponível em: https://simpep.feb.unesp.br/anais/anais_08/gi2001.zip. Acesso em: 24 mar. 2020. DE MASI, Domenico. Uma simples revolução. Tradução de Yadyr Figueiredo. Rio de Janeiro: Sextante, 2019. EL PAÍS. Pandemia de Coronavírus: Como você está lidando com tudo isso? 2020. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2020/03/26/eps/1585230599_941393.html. Acesso em 31 mar 2020. HATSCHBACH, Maria Helena de Lima. Information literacy: aspectos conceituais e iniciativas em ambiente digital para o estudante de nível superior. 2002. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) – Escola de Comunicação, Universidade Federal do Rio de Janeiro; Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia, Ministério da Ciência e Tecnologia. Rio de Janeiro; Brasília, 2002. Disponível em: https://ridi.ibict.br/bitstream/123456789/722/1/mariahelena2002.pdf. Acesso em: 24 mar. 2020.